quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Impressões de viagens II


"Buenos Aires é eterna!", a frase que repetem, frenquentemente, os apaixonados portenhos por sua cidade. Conheçi a capital argentina há alguns anos e foi amor ao primeiro encontro. Depois de alguns anos em baixa, é perceptível a recuperação da estima e orgulho de seus habitantes. Não é para menos!

terça-feira, janeiro 31, 2006

Impressões de viagens

Retorno à vida rotineira depois de vinte dias viajando. Argentina e Chile. Da Argentina nada a comentar; paixão antiga e inexplicável. Do Chile esperava sobretudo, encontrar parte da vida de um de meus ídolos: Pablo Neruda. Conheci suas casas e um pouco mais de perto o artista, o homem.
Que dizer? Homo ludens em sua plenitude foi, acima de tudo, um menino genial. Um colecionador - coisificador como se auto-denominava - insaciável, festeiro e brincalhão incorrigível. Suas casas? Apenas posso dizer que se Borges escreveu maravilhosamente sobre labirintos, Neruda os construiu: Lindos, divertidos e apaixonantes.
Dois gênios que não se toleravam um ao outro em vida, se complementaram em suas obras magníficas. Pelas misteriosas linhas do destino, Argentina e Chile se encontram.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Os Autores e as Cidades


Muito antes de a comunicação massificar-se completamente, em função do rádio e, sobretudo, televisão, a literatura ocupava espaço significativo na construção dos imaginários de outrora. A Paris do entre guerras foi tão descrita em prosa e verso que hoje, quase um século depois, ainda se recria em função de tais relatos. Impossível não lembrar das Cidades Invisíveis de Calvino; e que tal os relatos de Goethe sobre a Itália? Toda a geração Beat americana, que incutiu na juventude transviada dos anos 1950 e 60, um desejo sem fim de por o pé na estrada. A lista é imensa.
É fato que ainda representa muito para muitos, mas em tempos de cinema hi-tech e conteúdos em ritmo de videoclipe, perde encanto para as novas gerações. Triste. Por outro lado, nunca houve produção tão intensa de títulos e autores. Em se tratando de produção para o turismo e as viagens há muito que ler. Nem tudo é bom, nem tudo serve.
Para aqueles que gostam de relatos de viagens, li recentemente, o Cantor de Tango, de Tomás Eloy Martinez. Um delicioso cruzamento entre literatura, história e geografia que nos conduz em um passeio mirabolante por Buenos Aires: para quem conhece a metrópole aguça o paladar; aos que não conhece – são muitos relatos de amigos – desperta um desejo enorme para caminhar por aquelas paragens.
A Companhia das Letras também lançou uma coleção bacana O autor e a Cidade: Carnaval no fogo de Ruy Castro sobre o Rio e O flaneur de Edmund White sobre Paris são excitantes viagens em literárias. Impossível não querer botar o pé na estrada.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Lafargue


Paul Lafargue nasceu em Cuba, filho de um francês e de uma judia, neto de uma mulata. Estudou medicina na França e se tornou um apaixonado militante socialista. Em 1868, casou-se com Laura, a filha caçula de Marx. Após uma vida extremamente ativa em projetos, lutas e desafios, em 1911, juntamente com sua esposa, suicidou-se como havia planejado há muito: uma injeção hipodérmica de ácido cianídrico. Como afirmou em seu testamento político “mato-me antes que a impiedosa velhice, que me tira um a um os prazeres e as alegrias da vida e me despoja de minhas forças físicas e intelectuais, acabe por paralisar minhas energias e minha vontade, fazendo de mim um peso para os outros e para mim mesmo”.
Releio seu texto, provavelmente mais conhecido, O Direito à Preguiça. Uma sátira genial publicada no jornal socialista L’Égalité, em Paris, entre 16 de junho e 4 de agosto de 1880. Numa época em que as jornadas de trabalho se estendiam a 16, 17 horas, quando, além desse regime excessivo, enormes parcelas das classes trabalhadoras estavam plenamente convencidas de que o trabalho em si era uma atividade dignificante e benéfica.
Deliciosa e atualíssima leitura em tempos em que os deuses Trabalho e Consumo reinam plenamente no imaginário coletivo. Mais do que Marx, seu sogro aclamado por boa parte da “inteligentzia” no século XX, Lafargue é um alento para os dias atuais.

terça-feira, dezembro 06, 2005

 
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